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Futebol de Rua vs. Clube de Futebol: Uma proposta para a formação



A inserção do futebol de rua nos clubes do brasil emerge como algo fundamental para a formação, por que, a formação do futebol brasileiro tem uma grande dívida com o que ocorre nas ruas, sem as presenças de treinadores, pais e/ou qualquer adultos.


O desenvolvimento da técnica, associado impreterivelmente ao contexto decisório (tático), é o que mais ocorre na rua, inserido em infinitos formatos, nos quais, decorrem ações equilibradas, desequilibradas, justas, injustas, completas e incompletas, afinal de contas, o futebol de rua é um verdadeiro paradoxo por promover uma formação única na ligação do lúdico com o esporte formal e na aquisição de habilidades motoras fundamentais para o já adulto, jogador de futebol, explorar nos gramados dos grandes clubes e o incrível é que os treinadores são os jogadores, i.e., as próprias crianças.


É o maior ambiente in vitro do futebol mundial, e a grande marca (cada vez menos expressiva) dos jogadores que despontam nos clubes brasileiros. Como as crianças são os seus próprios treinadores, elas inventam regras, e promovem o paradoxo referido acima, de desequilíbrios, injustiças, contextos incompletos e etc que sem qualquer princípio metodológico integra-se perfeitamente com o que se espera em cada contexto, de uma adaptação do jogador às infinitas circunstâncias que o jogo pode requisitar. E o mais interessante, é que muitas vezes, para além de não respeitar os princípios metodológicos, não respeitam princípios éticos e morais (em parte), princípios científicos do treino, sobretudo, em relação às variáveis da carga e reflete algo único, que é a inocência de quem interpreta e tem a oportunidade de expressar a sua visão sobre um fenômeno extremamente complexo, que é o jogo de futebol.


A criança, como um termóstato não-linear, reage no seu timing ao que ela mesmo na sua interação com o contexto reflete sobre o jogo, como uma estrutura auto-organizativa leva o seu tempo para num contexto de “atuador” promover fatores que interferem na sua relação ambiental, afinal de contas, são gerados “proporcionadores” no qual, sem a presença do treino formal que por muitas vezes desproporcionaliza, ao gerar um ambiente em que desperta o aspecto mais individualizante do mundo do futebol, que é a expressão infantil do jogo que por si, é uma consideração real da individualização que se perde nos clubes, em seus treinos e em seus contextos “encaixados”.


Então, esse projeto da inserção do futebol de rua nos clubes parte da proposta de desenvolver a técnica através das situações espontâneas (futebol de rua) e de capacitar o gesto tático-técnico para a execução, quando num ambiente formal, dos conteúdos de jogo. Na verdade, parte da promoção de um casamento do futebol de rua com o futebol dos clubes a fim de se preservar a integridade afetiva das crianças em sua relação com o jogo de futebol.


Ademais, ambiciona-se proporcionar momentos de lazer dentro do âmbito deliberado, promulgar a autonomia dos jogadores, estimular a criação de laços sociais entre as categorias e promover uma maior identidade dos jogadores com o clube.



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