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Lesão e Profilaxia: Não podemos começar a olhar para o controle do treino?


Caracterização do Problema:

O futebol vive tempos de grandes investimentos. Nunca até a década de 1990 do século passado se viu tanto investimento numa modalidade esportiva como no futebol (MACIEL 2011, REBELO ET AL, 2012a). A modalidade em questão é certamente uma paixão não só brasileira, mas do mundo todo, sendo sem dúvida a modalidade mais praticada em todo o planeta.


Então, muito se investiu em tecnologia para se melhorar a preparação, recuperação e profilaxia dos jogadores. Novos analisadores biológicos, softwares, câmeras e etc., foram cada vez mais sendo aprimorados no sentido de se aproveitar a tecnologia vigente a fim de se poupar o máximo possível dinheiro e visando também a obtenção de mais resultados.


Contudo, novas metodologias e métodos de treino não acompanharam esse desenvolvimento. Ainda se vê, de forma maciça, a aplicação de determinados conteúdos de treino com viés de uma periodização clássica. Recentemente a periodização tática, desenvolvida por Vítor Frade, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, tem sido uma alternativa interessante para se aplicar, sob novos conceitos, toda essa tecnologia vigente e respeitando o princípio da especificidade da modalidade (FRADE, 1990, OLIVEIRA, 2004; GARGANTA, 1997; ALMEIDA, 2012, KATZ, 2002).


Esse mesmo princípio, em função de muitos procedimentos do treino adaptados a essas periodizações terem sido desenvolvidas por fisiologistas (geralmente da área médica) foi perdendo lugar para questões analíticas. Então, sobretudo a partir da década de 1970, muitos procedimentos táticos, psicológicos e sobretudo técnicos e físicos foram desenvolvimentos isoladamente partindo um princípio básico do futebol que é a sua globalidade (GARGANTA, 1997, ALMEIDA, GOMES, 2008).


Princípios como globalidade, interação, complexidade e organização, abertura, finalidade e tratamento ao não serem respeitados, fazem do futebol, um sistema de sistemas que é não-linear, ser partido e tratado linearmente, com medidas exatas inerentes e dessa forma, os jogadores e equipes são preparados: com medidas exatas e deterministas, e tudo o que for contrário é tratado como uma heresia (MARTÍN, 2005; GOMES, 2008, GARGANTA & CUNHA e SILVA, 2000).


Então, esse estudo emerge como forma de se oferecer outro ponto de vista, tanto para a preparação como para a recuperação e profilaxia, devolvendo ao futebol um ponto de vista específico no qual não seja baseado apenas em elementos simplistas do tratamento de um ambiente que conserva em si uma enorme complexidade inerente (DEMO, 2011; PRADO, 2011; GARGANTA & CUNHA E SILVA, 2000).


Logo, tem-se que se atentar a algumas questões que estão para além do movimento mecanicista, apelidado de “profilático”. Por mais interessante e útil que seja, realizar algo desproporcional a seguir não valida esses protocolos. Portanto, é fundamental um controle de treino distribuído pela lógica fractal seguindo os princípios metodológicos do treino e da Especificidade da Periodização Tática.


Referências Bibliográficas:

ALMEIDA, R. O Equilíbrio Dinâmico Estrutural em Organização Ofensiva. Novas condições ofensivas segundo a Periodização Táctica. Atas do XIV Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos países de Lingua Portuguesa. Viçosa: Revista Mineira de Educação Física. 2012, 3(7) 2295-2304.

FRADE, V. A Interação Invariante Estrutural da Estrutura do Rendimento do Futebol, como Objecto de Conhecimento Científico. Uma proposta de Explicitação de Causalidade. Projeto de Doutoramento. Não Publicado. Porto: Faculdade de Ciências do Desporto da Universidade do Porto, 1990.

DEMO, P. Complexidade e Aprendizagem. A Dinâmica Não Linear do Conhecimento. São Paulo: Editora Atlas, 2011.

GARGANTA, J. Modelação da Dimensão Táctica de Jogo de Futebol. Estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento. Dissertação de Doutorado não publicada. Porto: Faculdade de Desporto Universidade do Porto, 1997.

GARGANTA, J. & CUNHA E SILVA, P. O Jogo de Futebol: entre o Caos e a Regra. Lisboa: Revista Horizonte, 2000; 5-8.

GOMES, M. O Desenvolvimento do Jogar, segundo a Periodização Táctica. Colecção Preparação Futbolística. Pontevedra: MCsports Editora, 2008a.

KATZ, L. Inovações na Tecnologia Esportiva: Implicações para o Futuro. Revista de Educação Física. 03 (6),2002.

MARTÍN, C. T.. La teoria dos sistemas dinámicos y el entrenamiento deportivo. Tesis doctoral. Barcelona: Universitat de Barcelona, 2005.

MACIEL, J. Não o Deixes Matar. O Bom Futebol e Quem O Joga. O Futebol Adentro Não é Perda de Tempo. Lisboa: Chiado Editora, 2011a.

OLIVEIRA, G.. Conhecimento Específico em Futebol. Contributos para a definição do processo ensino-aprendizagem do jogo. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2004.

PRADO, E. F. Complexidade e Práxis. São Paulo: Editora Plêiade, 2011.

REBELO, A., BRITO, J., SEABRA, A., Oliveira, J., Krutrusp, P. Physical match performance of youth football players in relation to physical capacity. European Journal of Sport Science. p. 1-9, 2012a.


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